Uma das coisas mais faltantes na criação dos filhos
nos dias atuais é a disciplina. O dicionário Houaiss diz que o substantivo
feminino disciplina tem os seguintes significados: obediência às regras, aos
superiores e a regulamentos. Como derivação por extensão de sentido o
dicionário traz: comportamento metódico, determinado, constância. Biblicamente,
o sentido é o de comportamento metódico, determinado, constância; o que,
evidentemente, leva para o sentido de treinar ou treinamento. Portanto, não é
sinônimo apenas de punição. Tem a ver, e muito, com instrução, educação... e
não a crueldade. Veja Provérbios 4:1-6.
Uma boa ilustração compara disciplina com a
jardinagem. O profissional aduba o solo, nutre e rega diariamente a terra e, se
preciso for, coloca veneno contra pragas, insetos e outras ervas que possam ser
daninhas. Muitas vezes, ao verificar sua planta, o jardineiro precisará podar,
arrancar alguns galhos doentes e outros cuidados mais. O que ele visa? Que a
planta cresça saudável e para o alto. Isso exige métodos corretos, adubos
corretos, ferramentas corretas... enfim, disciplina, até que a colheita venha.
Isso dá trabalho e, quase sempre, tem elevado preço.
Os filhos são como essas plantinhas que precisam ser
adubadas, regadas, podadas, cuidadas com disciplina e tenacidade. Os frutos
gostosos fazem valer a pena todo esforço. Portanto, sem disciplina com muito esforço,
jamais os frutos serão seletos, gostosos, prazerosos. Além de toda técnica,
ferramentas corretas, disciplina, podas... o principal de toda essa disciplina
é que o jardineiro faz isso POR AMOR. A adubagem não pode ser exagerada, a água
precisa ser na medida certa, a poda terá que ser cuidadosa pra não arrebentar e
causar danos irreversíveis às plantas. O remédio para isso se chama amor. Em outras palavras, toda disciplina deve ser
aplicada de forma correta e, principalmente, com muito amor para que os frutos
venham saborosos.
Deus, sempre que necessário, disciplina os seus
filhos... mas, com amor (veja Hebreus 12:1-11). No verso 11 se lê: “Nenhuma
disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais
tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram
exercitados” (NVI). Deus sabe disciplinar... afinal, ele é Pai exemplar. Todo
pai e mãe deveria se espelhar em Deus, o Pai, para exercer a disciplina. A
disciplina correta produz “fruto de justiça e paz”. Entretanto, o final do
verso afirma que esses frutos são para “aqueles que por ela (a disciplina)
foram exercitados”. O sentido aqui é de exercício, treinamento... duro e
contínuo. Esse é o grande problema dos pais modernos. Não praticam a disciplina
correta, permeada com amor, com entusiasmo; como se fosse treinamento diário em
academia. Por quê? Dá trabalho, é cansativo, tem que ser diária. Disso depende
o tipo de fruto que há de se colher: de justiça e paz ou de tristeza, amargura,
choro. Aproveite e leia com atenção Provérbios 4:13 e 12:1.
É a disciplina com amor que forja o caráter dos
filhos. Caráter o conjunto de traços morais, psicológicos, sociais,
espirituais, etc.; que fazem a distinção entre uma pessoa e outra. Dele depende
o temperamento, a firmeza de atitudes, a índole pessoal de cada pessoa.
Portanto, o caráter – sem a transformação que só Cristo pode fazer – não é uma
escolha pessoal cognitiva de qualquer pessoa... mas, é uma formação forjada (treinamento
ou disciplina) ao longo dos primeiros anos de vida e que, normalmente, vem a
reboque da necessidade individual de autoproteção do meio externo. O primeiro
teórico a se preocupar em formular uma teoria coerente do caráter foi Wilhelm
Reich, independente de fé cristã. Ele, após suas pesquisas afirmou: “o caráter
consiste numa mudança crônica do ego que se poderia descrever como um
enrijecimento” (Reich, 1989, p. 151). Assim, toda boa disciplina depende de
formação de hábitos saudáveis. Hábito, nada mais é do que aquilo que se aprende
pela repetição (treinamento, disciplina). A junção de hábitos, pensamentos e
sentimentos forjados ao longo dos anos, forma o caráter. Assim, pais, se você
quer produzir filhos que sejam bênçãos para eles mesmos, para vocês, para a
sociedade e para Deus... antes de tê-los, pensem seriamente na necessidade de
discipliná-los/treiná-los com muito amor e esforço. Muitas vezes será
necessária a poda... mas, isso é absolutamente necessário e inevitável. Releia
Hebreus 12:1-11.
A psicologia ensina que durante os dois primeiros anos
de vida, normalmente, a criança aprende cerca de 75% de tudo aquilo que
introjetará para seu futuro. Diz também, que, normalmente, o caráter está
pronto e forjado até os sete anos. Importante salientar que a maior parte do
caráter (as idiossincrasias pessoais) é forjada por meio daquilo que eles
observam (os atos) nas pessoas que admiram e amam... normalmente os pais, familiares
e professores. O que é que os seus filhos estão vendo? Atos positivos ou negativos? Eles precisam
ver e sentir hábitos positivos nas pessoas a quem amam, tais como: amor,
carinho, confiança, respeito, autoridade, cooperação entre os pais, zelo para
com as coisas de Deus, cumplicidade... e muito mais.
O grande evangelista Dwight Mood, como ninguém,
definiu o que é o caráter positivo. Ele afirmou que “caráter é aquilo que você
é no escuro”. Claramente, caráter se revela na conduta... que tem que ser a
mesma em qualquer situação, até no escuro onde ninguém está vendo. Nenhum fruto
é mais saboroso do que saber que o filho foi criado com tal disciplina. Todos
sabem que a formação do caráter não é exclusividade dos pais. Ela é afetada,
acima de tudo, pelos pais... mas, também, pela escola, pela sociedade e por
todos os relacionamentos ao longo da vida, principalmente nos primeiros anos de
vida. Por isso, a necessidade dos pais forjarem o caráter dos filhos, para que
a sociedade ímpia não possa exercer muita influência na formação do caráter dos
filhos.
O que se quis dizer com tudo isso é que os pais são
responsáveis, diante de Deus e da sociedade, pelo tipo de filhos que deixarão
para o mundo. Eles serão frutos saborosos ou amargos? Amor e disciplina são os
ingredientes que forjarão o caráter, inclusive, espiritual... dos filhos. Por
isso, mãos à obra mesmo antes de tê-los. É preciso preparo, oração, dependência
de Deus... e a certeza de que isso custará muito trabalho.
Querendo ajudar os pais nesse mister, a seguir estão
algumas sugestões para abençoar (ou não) os pais que queiram ter um pouco de
trabalho. Veja o que diz a Palavra de Deus sobre o assunto: “Pois o mandamento
é lâmpada, a instrução é luz, e as advertências da disciplina são o caminho que
conduz à vida” (Provérbios 6:23 NVI) e, também “Não evite disciplinar a
criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Castigue-a, você
mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura” (Provérbios 23:13-14 NVI). “Castigar”
aqui, jamais significa machucar e deve ser o último recurso. Todavia, ele é
necessário, muitas vezes. Então, se quiser, adote um CÓDIGO DE CONDUTA entre
vocês pais; e seus filhos. Façam 4 blocos de regras de conduta, conforme modelo
abaixo.
Nos blocos,
aliste as regras, castigos e métodos disciplinares combinados. Quando os pais
chegarem a um acordo escrito, mostre o código de conduta a seus filhos (lembre-se
que um filho é diferente do outro). Explique-o a eles. Pergunte a cada um se tem dúvidas ou
sugestões. Introduza quaisquer
modificações com que ambos (pai e mãe) concordarem de coração e razão. Pai/mãe = autoridade final e não podem
aceitar sugestões que não estão de acordo ou que não melhorarem o código.
Agora, é Código em ação. Poucas regras por vez. O mais importante é VIGIAR O
CUMPRIMENTO das regras e CASTIGAR/DISCIPLINAR todo descumprimento, um por um. Cópias do
código devem ser colocadas em todos os lugares apropriados. Isso ajuda a
memorizar.
PROGRAMA APRENDA UM/GANHE UM!
Numa reunião de
família, os pais devem explicar aos filhos o programa “aprenda um/ganhe um”. O
princípio é o de que “a
responsabilidade leva ao privilégio de uma maior responsabilidade”. Os pais devem pedir a cada filho que faça uma
lista dos privilégios que gostaria de receber. Depois, cada um dos filhos deve
selecionar cinco deles e escrevê-los nas lacunas ao lado dos números
pares. A seguir, os pais devem alistar
nas lacunas ímpares as responsabilidades que querem que o filho
aprenda/cumpra. Ambas as listas devem partir do mais fácil para o mais difícil.
Dê o tempo necessário para que cada filho faça sua lista. A
possibilidade de subir os “degraus” até
o mais elevado e desejado oferece um forte incentivo.
É importante que
nenhum privilégio seja concedido antes que cada responsabilidade seja
totalmente cumprida e demonstrada durante um tempo especificado no programa. Cada degrau só será vencido com a demonstração do
cumprimento durante o tempo especificado no programa. Jamais passar para
outra responsabilidade ou privilégio do degrau acima, sem que a anterior esteja
totalmente concluída!
IMPORTANTE:
Isso só tem valia e fará diferença... se os pais agirem da mesma forma e
fizerem cumprir o código/programa totalmente.
Até o próximo texto. Amém!
Muito bom meu amigo;Deus continuamente supra a sua mente com sabedoria e discernimento das coisa excelentes para se aprender.
ResponderExcluirObrigado nobre e conspícuo amigo e colega. Que Deus te abençoe ricamente. Amplexo
ResponderExcluirAmei a dica e o texto muito esclarecedor
ResponderExcluirOBRIGADO. Que possa ser abençoado pelo conteúdo do texto e por Deus. Abraço
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