Não sei ao certo se são
heróis ou super-heróis! O mundo está cheio deles. Pobre da sociedade que
precisa de heróis, super-heróis ou ídolos! O ser humano busca aquilo que não é
– e gostaria de ser - em outros seres humanos que considera heróis. Quando
criança eu também tinha meus heróis. Cresci, amadureci, aprendi e entendi
definitivamente o que significa ter heróis e ídolos humanos... é para os
fracos. Quem – da minha idade - não se lembra do Zorro? Do Capitão América? Do
Fantasma? Mais modernamente há o Batman, o Homem Aranha e tantos outros.
Outros
colocam seus ideais em líderes políticos. Foi assim com Hitler, Mussoline, e
tantos mais. Hoje alguns políticos brasileiros continuam sendo idealizados como
super-heróis também. E no meio evangélico? Há pessoas – uma multidão –
que não daria sua vida por Jesus... mas a daria por alguns
“super-heróis” pastores, apóstolos, bispos ou querubins que estão se
enriquecendo a custa da ignorância bíblica dos “fiéis”. Fiéis a esses astros...
não a Jesus. Ao depositar sua fé e esperança em heróis humanos perpetua-se uma
ideologia satânica, onde se pensa que uma só pessoa resolve tudo. Esquece-se
que esse “ídolo” é humano, portanto feito, também, de barro.
Idealiza-se um mundo
utópico, quimérico, ideal! Ele simplesmente não existe. Veja que o Criador em
Sua sabedoria fez o humano diferente dos outros animais. O boi, o cavalo, a
cabra, ao nascerem, já saem andando. Dentro de poucas horas estarão
providenciando o próprio alimento. Com os humanos não é assim. Foram feitos
para socialização e dependência. A criança, ao nascer, se não tiver cuidados –
e muitos – , jamais chegará a ser adulto. E quando adulto vai sempre viver na
dependência de trabalhos alheios. Ninguém é uma ilha. Todos fazem parte
de um processo muito bem estruturado de dependência uns dos outros. Super... há
um só! Deus!
O maior teólogo de
todos os tempos e, em consequência, o maior intérprete de Jesus e do verdadeiro
cristianismo, foi o apóstolo – o verdadeiro – Paulo. Ele encontrou essa
situação na igreja de Corinto. Lá uns idolatravam a Apolo, outros a Paulo,
talvez outros a Pedro. Mas, não “idolatravam” a Jesus. Basta ler I
Coríntios 3. Então, de forma contundente, Paulo afirma: “Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é
Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o
ministério que o Senhor atribuiu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas
é Deus quem fez crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são
alguma coisa, mas unicamente Deus que efetua o crescimento” (I Co. 3:5-7
NVI).
Paulo estava lidando
com uma igreja cheia de humanos, como são todas as existentes desde sempre. Lá
havia dissensões, inveja, brigas. O foco principal dos crentes de Corinto era
bem outro do verdadeiro. Havia uma disputa interna pra saber quem era o
maioral: Apolo ou Paulo. E Cristo? Hoje, há uma renhida briga entre os milhares
de fãs pra saber quem é o maior: Bispo X (há tantos), apóstolo V, missionário
R, pastor S, querubim tal. Nada mudou. A ignorância e desconhecimento de Deus e
de Sua palavra é crassa. Por caminhos ínvios o mundo evangélico tem andado.
Todo e qualquer líder é
feito da mesma massa que todos os seres humanos. Portanto, pecadores, falhos.
Líderes espirituais são – ou deveriam ser – apenas SERVOS. Servos de Deus e da
sua igreja. É isso que Paulo ensina claramente no texto de I Coríntios 3.
Nem o que plantou, nem o que está regando são coisa alguma. Ah, se as
pessoas escutassem o que Paulo ensinou... o mundo cristão seria diferente.
A mim me parece que
esses tais sofrem aquilo que a psicologia chama de “Complexo de Messias”. Acho
que alguns desses, que são psicólogos, faltaram à aula nesse dia. A
enciclopédia Wikipédia diz o seguinte: “Complexo
de messias é um estado psicológico no qual o indivíduo acredita ser ou estar
destinado a se tornar o salvador de algum campo de atuação específico, grupo,
evento, período de tempo ou até mesmo do mundo inteiro. Afligidos pelo Complexo
de Messias louvam sua própria glória ou alegam absoluta confiança em seus
próprios destinos e capacidades e nos efeitos que terão sobre um grupo de
pessoas ou aspecto da vida. Em alguns casos o Complexo de Messias pode estar
associado à esquizofrenia, onde a pessoa ouve vozes, tem alucinações e acredita
que é Deus, espíritos, anjos, deuses ou outros que falam com ele; o que, na
visão da pessoa, confirmaria sua messianidade. Nos casos mais graves, pessoas
com Complexo de Messias podem se ver literalmente como Messias
espirituais/religiosos com poderes transcendentes e destinados a salvar o mundo”.
O ditador Hitler
desenvolveu o Complexo de Messias. Isso se tornou em fobia contra os judeus,
quando percebeu que a Alemanha piorava sua situação na Segunda Guerra Mundial.
Em abril de 1942 foi redigida a “Solução Final”; medida que acentuou o
extermínio em massa dos judeus. Transcrevo “ipsis líteres” do site TERRA:
“Os analistas do serviço secreto notaram um estado de paranoia nos discursos de
Hitler e uma crescente preocupação em acabar com uma população que o político
alemão via como a encarnação do diabo. O documento, escrito pelo acadêmico da
Universidade de Cambridge Joseph MacCurdy, foi encontrado nos arquivos dos
familiares de Mark Abrams, um cientista social que trabalhou para a seção de
análise de propaganda da BBC. Poucas semanas depois da redação do relatório, o
Terceiro Reich elaborou seu plano para aplicar a Solução Final. MacCurdy
afirmava que Hitler demonstrava em seus discursos sinais de ‘paranoia’,
‘histeria’ e ‘epilepsia’, causada por uma situação na qual ele
"contemplava a possibilidade de uma derrota total". O mais
preocupante, segundo o acadêmico, era a crescente paranoia de Hitler,
especialmente seu complexo messiânico, pois ele achava que liderava o povo
eleito”.
Porventura não é
exatamente o que tem acontecido com esses pastores super-heróis? Arrogam-se
como super-heróis, transmitem a ideia e, as pessoas incautas ou com outros
interesses, passam a ver nessa pessoa o seu super-herói. Isso retroalimenta a
mente doentia hitleriana da maioria desses pastores, bispos, apóstolos e
correlatos. Estes acham que, sozinhos, vão salvar o mundo, ou o seu grupo e que
não precisam de mais ninguém e que a “concorrência” faz mal. Pessoas com
Complexo de Messias não sabem que o verdadeiro crescimento do Reino de Deus não
se faz assim. Paulo deu a fórmula faz dois mil anos: um planta, outro rega...
mas é Deus quem dá o crescimento; portanto, todos somos servos uns dos outros.
Lembrando que “o Filho do homem não tinha onde reclinar a sua cabeça” (Mt.
8:20).
A coisa fica ainda pior
quando se vê a igreja alimentando isso de forma ferrenha. Idolatram o seu
pastor, apóstolo, bispo; ou seja lá o que for. Aí deduzem que a oração do seu
super-herói é mais poderosa (afinal, seu herói diz que vai fazer uma ‘oração
forte’). Por isso, a pessoa não ora mais, precisa chamar o pastor super-herói.
O pastor - ou congêneres - passa a ser a solução para tudo na vida das pessoas.
As pessoas passam a viver uma vida cristã desgraçada; afinal, elas possuem um
super-herói que está sempre pronto pra resolver seus problemas. Quando
encontram um pastor sério, conhecedor da Palavra e com intimidade com Deus o
rejeitam porque ele “não tem oração forte, nem poder”. Satânica ignorância. O
pastor é que tem que evangelizar seus amigos, parentes, vizinhos; afinal, eles
também precisam ir para o céu. Mas, quem tem que fazer isso? O super-herói. E o
“crente” não mais evangeliza. Afinal, para isso existe o super-herói que está
todo dia na televisão. Basta assistir e beber uma água abençoada com oração
forte. Deus... que cristianismo é esse? Como já dizia uma velha música de
um roqueiro nacional: “Pare o mundo que eu quero descer”!
Igreja é uma comunidade
de pessoas salvas em Jesus Cristo e por Jesus Cristo. O líder é alguém
vocacionado por Deus para dirigir Seu povo a “pastos verdejantes” e fazer desse
povo discípulos. Discípulos que, sob a liderança humana do pastor e sob o poder
do Espírito Santo levem o evangelho da graça salvadora a todos aqueles que
estão ao alcance e no raio de ação da igreja. Costumo dizer que há igrejas que,
se fecharem as portas, não farão qualquer diferença na vida da comunidade onde
estão plantadas. Qualquer padaria, se fechada, fará mais falta do que a igreja.
A igreja não incomoda mais a vida espiritual das pessoas. A maioria é só
barulho e idolatria evangélica insuflada pela autolatria de líderes com
Complexo de Messias.
A verdadeira igreja de
Jesus Cristo, independente de denominação, precisa exterminar com líderes com esse
Complexo de Messias. Deixar o individualismo e partir para um trabalho sério
através de toda igreja ou equipes treinadas para evangelizar. Todo verdadeiro
cristão precisa ter presente em seu coração e mente que o Reino de Deus não se
faz com super-heróis, mas com servos dedicados e unidos em um só propósito:
salvar vidas para Cristo. Minha obrigação como filho de Deus é fazer a minha
parte e “... ai de mim se não pregar o evangelho...” (I Co. 9:16). O convencer
é obra do Espírito Santo. O trabalho é meu, do meu irmão, do líder... todos
unidos pela força do amor a Deus e na dependência do Espírito Santo, em
obediência às ordens do Senhor Jesus. Amém.
Mais um profundo texto. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado meu irmão. Que Deus te abençoe. Ore pela continuidade deste ministério. Abraço.
ResponderExcluirAmém
ResponderExcluirPrecisamos de pastores que não tenham medo de dizer e a pregar a verdade
ResponderExcluirJamais tive. Verdade que, por isso mesmo, tenho sofrido muito, inclusive perseguições. Mas, meu ministério pertence ao Senhor da minha vida. Enquanto tiver vida... prosseguirei.
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