O dicionário
Houaiss observa que o substantivo feminino suicídio é “ato ou efeito de
suicidar-se; desgraça ou ruína causada por ação do próprio indivíduo ou por
falta de discernimento”. Observa, também, que o verbo pronominal suicidar-se é
“pôr termo à própria vida, matar-se, causar a própria ruína; arruinar-se,
desgraçar-se". Etimologicamente o vocábulo vem do latim “sui” (de si mesmo) e
“cidium” (morte, assassínio). É uma forma do verbo “caedere” (cortar, matar).
Claramente é um comportamento extremado e autodestrutivo. É uma decisão
encontrada para solucionar e ou escapar de profunda e insuportável dor mental,
psicológica, moral, religiosa, familiar e ou outras. Chega-se a um estado tão
profundo de desespero, onde não existe mais coragem para enfrentar quaisquer
desafios apresentados pela vida.
A história conta que em tempos antanho o morto sofria
privação de qualquer honra fúnebre, se cometesse suicídio; o que traria imensa
vergonha para a família. Na Atenas do século IV, o suicida tinha sua mão
decepada e enterrada fora do corpo. Roma não permitia que o suicida por
enforcamento fosse enterrado, além de confiscar todos os seus bens. De forma
geral, as religiões não toleram o ato suicida. Ainda persistem exceções
culturais como o “haraquiri” (prática – de exceção - da cultura samurai) e
“camicase” (suicidas patriotas voluntários que se jogavam sobre alvos inimigos)
que foram comuns durante a segunda guerra mundial.
Suicídio é, portanto, um “grito deixado no ar”, como forma de
comunicação onde a pessoa “fala muito alto” com o ato de morrer. É um grito
silente desesperado! É o estágio da vida humana em crise onde, simplesmente,
parece não existir qualquer “luz no fim do túnel”. O suicida não vê mais
sentido na vida... apenas uma dor demasiada pesada, insuportável. Todo suicida
gostaria de viver e bem, apenas não suporta mais viver a vida lancinante que
está vivendo, independente de qual seja o problema. Cada pessoa tem seu limite.
Dependendo da estrutura emocional e ou espiritual da pessoa,
pensar na morte como saída irreversível para a solução de problemas, pode
parecer a única saída possível e, não poucas vezes, desejável. Mesmo sabedora
que a solução desesperadora é permanente, sem volta; aparenta ser a melhor para
se lidar com uma dor que lhe parece dolorosa demais, insuportável. Com a
estrutura emocional e ou espiritual fragilizadas ao extremo, o potencial
suicida vê-se num labirinto escuro, doloroso, indecifrável e totalmente sem
saída. Os caminhos lhe parecem ínvios e sem saída. Já tentou tantos caminhos e
não encontrou qualquer saída, nem mesmo uma porta entreaberta. Por isso, o
suicídio tem sido tão devastador e açambarca, inclusive, os “homens e mulheres
de Deus”.
A somatória do substantivo (suicídio) e do verbo (suicidar) é
algo tenebroso, impensado para pessoas ditas “normais”. Imagine para pastores!
Estes que são os “vocacionados” e “chamados” de Deus, para a extensão de Seu
reino. Estes que, biblicamente falando, têm a proteção e as bênçãos de Deus
como pessoas em “missão especial” neste mundo tenebroso. Todavia, o fato
latente e visível é que o ato tenebroso do suicídio chegou às hostes pastorais.
E cada vez mais. ´
O site “oficina de psicologia” traz alguns dados que devem
servir de alerta. Ei-los: cerca de um milhão de pessoas se suicidam no mundo,
ou seja, uma pessoa a cada 40 segundos. Quatro milhões tentam... sem conseguir.
O suicídio está entre as 10 principais causas de morte no mundo. Fora isso, há
11 tentativas para cada suicídio consumado. 20% dos suicidas não procuram
qualquer tipo de ajuda. Que isso significa? Que o suicídio ronda todas as
pessoas o tempo todo, independente de qualquer condição religiosa, étnica ou
socioeconômica.
O grande problema é que o suicida, quase sempre, tem o desejo
de fazê-lo potencializado pela angustiante deterioração emocional e ou
espiritual que se encontra. Assim, o vislumbre de qualquer saída é
potencialmente diminuído... ao ponto de enxergar-se num labirinto escuro,
dolorido e que produz dores lancinantes na alma. O mesmo site informa que “mais
de metade das pessoas que se suicidaram, estavam deprimidas” (Depressão será
objeto de outro artigo desta série). O suicida vislumbra, potencialmente, dar
cabo a sua dor desesperadora e não de sua vida. Dar cabo da vida é o “grito
final e desesperador” de mente e alma profundamente doloridas.
Neste, e nos próximos artigos, será tratado o tema do
suicídio. Não haverá preocupação mais profunda de tratar se a causa é de ordem
psicológica ou espiritual. Se é própria ou demoníaca. Julgar só cabe a Deus. A
tentativa aqui é tratar do tema de forma isenta e sem um dedo acusador. Afinal,
creio, todos estamos sujeitos um dia a isso. Só Deus é capaz de julgar os
meandros e melindres desse assunto tão pertinente.
Fato concreto é que sempre há um desvio de conduta emocional
e ou espiritual que pode ter sido provocado por inúmeros fatores visíveis ou
não. Talvez, a mais comum seja a depressão, que é chamado de “mal do século”,
nesta era pós moderna. A grande preocupação deste autor é, ao final, trabalhar
com mais profundidade a questão objetiva e concreta do “suicídio de pastores”.
Isso implica, obviamente, em questões espirituais mais profundas. Amém. Até o próximo. Abraço.
É assustador a quantidade de pessoas que tiram a própria vida. Teve uma época da minha vida que eu pensei em fazer isso,Mas não tive coragem.
ResponderExcluirObrigado por sua sinceridade. Pena que não se identificou... mas, respeito isso. Deus sempre quer o melhor pra cada um de nós. Ele sempre nos ama. Se eu puder ajudar, conte comigo. Pode fazer contato por email. Grande abraço.
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