quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

UM GRITO DEIXADO NO AR: o Suicídio (inclusive de pastores) (1ª Parte)



O dicionário Houaiss observa que o substantivo feminino suicídio é “ato ou efeito de suicidar-se; desgraça ou ruína causada por ação do próprio indivíduo ou por falta de discernimento”. Observa, também, que o verbo pronominal suicidar-se é “pôr termo à própria vida, matar-se, causar a própria ruína; arruinar-se, desgraçar-se". Etimologicamente o vocábulo vem do latim “sui” (de si mesmo) e “cidium” (morte, assassínio). É uma forma do verbo “caedere” (cortar, matar). Claramente é um comportamento extremado e autodestrutivo. É uma decisão encontrada para solucionar e ou escapar de profunda e insuportável dor mental, psicológica, moral, religiosa, familiar e ou outras. Chega-se a um estado tão profundo de desespero, onde não existe mais coragem para enfrentar quaisquer desafios apresentados pela vida.

A história conta que em tempos antanho o morto sofria privação de qualquer honra fúnebre, se cometesse suicídio; o que traria imensa vergonha para a família. Na Atenas do século IV, o suicida tinha sua mão decepada e enterrada fora do corpo. Roma não permitia que o suicida por enforcamento fosse enterrado, além de confiscar todos os seus bens. De forma geral, as religiões não toleram o ato suicida. Ainda persistem exceções culturais como o “haraquiri” (prática – de exceção - da cultura samurai) e “camicase” (suicidas patriotas voluntários que se jogavam sobre alvos inimigos) que foram comuns durante a segunda guerra mundial.

Suicídio é, portanto, um “grito deixado no ar”, como forma de comunicação onde a pessoa “fala muito alto” com o ato de morrer. É um grito silente desesperado! É o estágio da vida humana em crise onde, simplesmente, parece não existir qualquer “luz no fim do túnel”. O suicida não vê mais sentido na vida... apenas uma dor demasiada pesada, insuportável. Todo suicida gostaria de viver e bem, apenas não suporta mais viver a vida lancinante que está vivendo, independente de qual seja o problema. Cada pessoa tem seu limite.

Dependendo da estrutura emocional e ou espiritual da pessoa, pensar na morte como saída irreversível para a solução de problemas, pode parecer a única saída possível e, não poucas vezes, desejável. Mesmo sabedora que a solução desesperadora é permanente, sem volta; aparenta ser a melhor para se lidar com uma dor que lhe parece dolorosa demais, insuportável. Com a estrutura emocional e ou espiritual fragilizadas ao extremo, o potencial suicida vê-se num labirinto escuro, doloroso, indecifrável e totalmente sem saída. Os caminhos lhe parecem ínvios e sem saída. Já tentou tantos caminhos e não encontrou qualquer saída, nem mesmo uma porta entreaberta. Por isso, o suicídio tem sido tão devastador e açambarca, inclusive, os “homens e mulheres de Deus”.

A somatória do substantivo (suicídio) e do verbo (suicidar) é algo tenebroso, impensado para pessoas ditas “normais”. Imagine para pastores! Estes que são os “vocacionados” e “chamados” de Deus, para a extensão de Seu reino. Estes que, biblicamente falando, têm a proteção e as bênçãos de Deus como pessoas em “missão especial” neste mundo tenebroso. Todavia, o fato latente e visível é que o ato tenebroso do suicídio chegou às hostes pastorais. E cada vez mais. ´

O site “oficina de psicologia” traz alguns dados que devem servir de alerta. Ei-los: cerca de um milhão de pessoas se suicidam no mundo, ou seja, uma pessoa a cada 40 segundos. Quatro milhões tentam... sem conseguir. O suicídio está entre as 10 principais causas de morte no mundo. Fora isso, há 11 tentativas para cada suicídio consumado. 20% dos suicidas não procuram qualquer tipo de ajuda. Que isso significa? Que o suicídio ronda todas as pessoas o tempo todo, independente de qualquer condição religiosa, étnica ou socioeconômica.

O grande problema é que o suicida, quase sempre, tem o desejo de fazê-lo potencializado pela angustiante deterioração emocional e ou espiritual que se encontra. Assim, o vislumbre de qualquer saída é potencialmente diminuído... ao ponto de enxergar-se num labirinto escuro, dolorido e que produz dores lancinantes na alma. O mesmo site informa que “mais de metade das pessoas que se suicidaram, estavam deprimidas” (Depressão será objeto de outro artigo desta série). O suicida vislumbra, potencialmente, dar cabo a sua dor desesperadora e não de sua vida. Dar cabo da vida é o “grito final e desesperador” de mente e alma profundamente doloridas.

Neste, e nos próximos artigos, será tratado o tema do suicídio. Não haverá preocupação mais profunda de tratar se a causa é de ordem psicológica ou espiritual. Se é própria ou demoníaca. Julgar só cabe a Deus. A tentativa aqui é tratar do tema de forma isenta e sem um dedo acusador. Afinal, creio, todos estamos sujeitos um dia a isso. Só Deus é capaz de julgar os meandros e melindres desse assunto tão pertinente.

Fato concreto é que sempre há um desvio de conduta emocional e ou espiritual que pode ter sido provocado por inúmeros fatores visíveis ou não. Talvez, a mais comum seja a depressão, que é chamado de “mal do século”, nesta era pós moderna. A grande preocupação deste autor é, ao final, trabalhar com mais profundidade a questão objetiva e concreta do “suicídio de pastores”. Isso implica, obviamente, em questões espirituais mais profundas.  Amém. Até o próximo. Abraço.

2 comentários:

  1. É assustador a quantidade de pessoas que tiram a própria vida. Teve uma época da minha vida que eu pensei em fazer isso,Mas não tive coragem.

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    1. Obrigado por sua sinceridade. Pena que não se identificou... mas, respeito isso. Deus sempre quer o melhor pra cada um de nós. Ele sempre nos ama. Se eu puder ajudar, conte comigo. Pode fazer contato por email. Grande abraço.

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