Depressão III – A
depressão “neurótica”. As aspas de “neurótica”, também, são propositais. O
termo, não poucas vezes, não é bem aceito por cristãos “religiosos”, no
contexto do conceito bíblico farisaico. Mas, o uso do termo é correto. É a
depressão produto de neuroses e que precisa de ajuda profissional. Ajuda essa
que, quase sempre, é sofrida e demorada. Os “pantanais do desânimo” e os “vales
sombrios” da vida não são episódios anormais e, muito menos, torna a pessoa
cristã indigna da graça e misericórdia de Deus.
Simplesmente, esse tipo
de depressão exige ajuda profissional séria, muito mais que aquela depressão
dita “normal”. Quase sempre é necessária a ajuda em três vertentes: médica,
psicológica e espiritual. Entretanto, é bom frisar que o depressivo precisa de
ajuda séria. Médico, psicólogo e pastor precisam gozar de extrema confiança do
paciente e da família e, além disso, os três profissionais precisam estar
sintonizados em seus propósitos e, na medida do possível, trocarem opinião
entre si. Isso posto, aí vão alguns sinais evidentes de uma “depressão
neurótica”. Não são os únicos... mas, são mais evidentes e servem de alerta
para que os familiares procurem a ajuda profissional necessária e adequada. A
ordem abaixo é aleatória e sem qualquer valoração ou ordem de importância
objetiva.
Há o “Sentimento de Incapacidade”. Não poucas
vezes as pessoas se vêem em um “beco sem saída” diante de situações difíceis da
vida. Nesses momentos há um sentimento de frustração profunda por não conseguir
exercer controle sobre a situação. Vagarosamente, vai sentindo o introjetar da
incapacidade de mudar a situação vivida e, a consequência, é a depressão. É
preciso exemplificar. Exemplos são apenas exemplos, pois muitos passam por tais
crises incólumes. Cada pessoa é diferente da outra e, por isso, as reações são
diferentes. Todavia, quando os exemplos dados aqui são reais, a pessoa entra em
depressão. Há os que ficam extremamente fragilizados pela morte de pessoas
queridas, por exemplo. Não se conformam com a perda e sabem que, jamais,
poderão trazê-las para o convívio novamente. Aquela pessoa que estuda muito,
faz várias vezes um vestibular e nunca consegue ingressar numa faculdade, pode
sentir-se tão incapaz e dar lugar à depressão. Pais que sempre trataram seus
filhos como um “mimo pessoal”, ao perderem os mesmos para as drogas e
congêneres e ou não conseguirem mais ter o domínio sobre eles, também podem se
entregar à neuroses depressivas. Há muitos que não têm o equilíbrio necessário
para aceitar a idade macróbia e de que não conseguem reverter o tempo que
passou... por isso, podem ser levados ao desânimo total.
Um outro é o “sentimento de culpa”. Existem vários
tipos de culpa, objetivas ou não. Esses “tipos” não serão tratados aqui. Todavia,
o fato concreto é que as pessoas, não poucas vezes, sentem culpas (objetivas ou
não). O que acontece? Há uma procura – consciente ou não – pela autopunição.
Quase sempre, de forma consciente ou não, o sentimento de que quebrou alguma
lei ou valores espirituais são relacionados e introjetados. A consequência
lógica desse tipo de culpa e autopunição, é um estado de prostração e mergulho
profundo em tristeza. Quando essa tristeza chega a um estado destrutivo, está instalada
a depressão. Aqui vai um alerta sério a pastores ou religiosos que procuram,
verdadeiramente, ajudar pessoas que vivem esse estado de culpa e autopunição:
jamais introjetem em alguém qualquer sentimento de culpa para que, confrontado
com a Bíblia, a pessoa seja levada ao perdão. Isso pode ser perigoso, pois, se
o perdão não for sentido e vivenciado; o sentimento de culpa será exacerbado e
o suicídio estará batendo à porta. Pastor, você não é Deus; se não entende que
a culpa pode não ser apenas espiritual, peça ajuda também.
O “sentimento de ira” é outro vilão. Ira é um intenso sentimento de
ódio, de rancor que é dirigido a alguém – ou grupo – em razão de alguma ofensa
(real ou não) que causa rancor. Isso se transforma em fúria, cólera e
indignação, num primeiro momento. Às vezes, a pessoa tem medo da sua própria
reação diante da situação incontrolável de ódio; pois, a afirmação da sua
vontade foi contrariada e a pessoa sentiu-se diminuída em extremo. A
incapacidade de amar e a impossibilidade de despejar sua ira sobre o outro,
leva a pessoa a reprimir esse ódio até a depressão. A coisa fica pior quando a
pessoa é cristã e tem introjetado o sentimento religioso de que a ira e o
consequente ódio é pecado. Não sabendo lidar com isso e se negando a buscar
ajuda efetiva, a depressão está instalada. Conscientemente ou não, o cristão,
muitas vezes, diante desse tipo de situação, passa a ter sentimentos negativos
contra sua própria pessoa. A somatização desse sentimento gera depressão.
Outro sentimento muito
comum que leva a depressão é o “negativismo” ou “pensamento negativo”. Até as pessoas mais positivas podem passar
por momentos de pensamentos negativos. Isso é normal. O neurótico é quando o
“pensamento negativo” passa a ser um vício e, em tudo, a pessoa passa a ver o
inalcançável ou “isso não dará certo”. O negativista passa a culpar as
circunstâncias, as ações de outras pessoas e, também, a falta de condições e ou
recursos. São pessoas – inclusive cristãs e religiosas – que só vêem o lado
escuro da vida. Esta passa a ser um pesado fardo. Há uma visão profunda e
negativa de si mesmas. Sempre se acham incapazes, indignas e se auto-acusam.
Normalmente são pessoas manipuladoras dos outros, porque são carentes na busca
da piedade alheia. Enquanto tais pessoas não forem levadas a indentificar a
origem desse pessimismo, descobrindo seus efeitos e interpretá-los sob correta
ajuda profissional; não vai ter condições de focar tais sentimentos em algo
mais útil e transformá-los em algo
positivo.
Acima, à grosso modo,
estão algumas causas que originam a depressão. Os itens são simplistas... mas,
reais e verdadeiros. Não se quis, propositalmente, usar tecnicismos. É pra que,
a maior parte das pessoas, possa entender, identificar e procurar ajuda.
Depressão tem se tornado algo comum. Existem vários tipos e que podem tomar
rumos diferentes. Na verdade os sinais e os sintomas são bastante variáveis em
número, gravidade e persistência. Todavia, quase sempre, são bem semelhantes. A
percepção da depressão passa, obrigatoriamente, pela existência de diferentes
formas com que as pessoas experimentam e expressam os sintomas da depressão.
Também, há que se levar em conta a idade, a cultura e, até, o sexo da pessoa.
Por isso, é imprescindível a busca por profissionais capacitados e, também, da
mais absoluta confiança do depressivo e ou da família.
Finalizando este
artigo, segue uma lista de sintomas a serem observados, principalmente pela
família e amigos, para que o candidato a depressivo seja ajudado com a
prevenção. Ei-los: tristeza profunda, sentimento de vazio, aborrecimento
contumaz, irritabilidade prolongada, sensação de insegurança e medos infundados,
preocupação exagerada com tudo, diminuição da energia com fadiga e lentidão
física, perda de interesse e prazer nas atividades diárias de que gostava,
diminuição de apetite e sono, perda gradativa do desejo sexual, variações
significativas do peso corporal, pessimismo exagerado, sentimentos de culpa,
auto-desvalorização delirante, alterações evidentes do poder de concentração, aumento
da lentidão do raciocínio, ideias súbitas sobre desejo de morrer e outros.
Talvez a pergunta que
se faça agora seja: como ajudar alguém que esteja depressivo? Bem, esse será o
foco do próximo artigo. Até lá.
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