Na parte I desta série
viu-se que os atributos de Deus são constituídos de todas as características que são distintas e próprias da natureza divina. Atributos são qualidades ou poderes fundamentais do SER (Essência) DE DEUS que, racionalmente, são atribuidos a Ele. Nesta parte II, a tentativa é de estudar os ATRIBUTOS ABSOLUTOS ou INCOMUNICÁVEIS DE DEUS. Antes, porém, para fins didáticos apenas, ver-se-á ligeiramente que Deus é Espírito e Pessoa.
DEUS: Ele é Espírito.
Em João 4:24 o Senhor
Jesus afirma que “Deus é Espírito”. O substantivo “Espírito” é descritivo da
natureza de Deus. Isso implica, necessariamente, que Deus não é matéria.
Espírito é imaterial, invisível, indestrutível. Deus independe de qualquer tipo
de matéria. Por conseguinte, Deus não depende do universo material que criou.
Será sempre Deus, independente de qualquer materialidade criada. Por isso, Deus
e matéria não precisam de qualquer conexão para que Ele continue sendo quem é. Como
afirmado na parte I (artigo anterior), o ponto convergente do Deus que é
intangível (Espírito) com o Deus tangível (que tem matéria) só pode ser
encontrado na autorrevelação, com a encarnação de Jesus Cristo, o Filho. Jesus
disse em Lucas 24:39: “... um espírito não tem carne nem ossos, como vocês
estão vendo que eu tenho”. Deus, na sua transcendência, com seus atributos,
veio até sua criatura (eu e você), oportunizando redenção, salvação... VIDA!
A Bíblia afirma que
Deus é (Espírito, Luz, Amor, Vida, Verdade...). Ele não é um espírito, um amor,
uma luz ou uma verdade. Sem espírito, não há vida. Isso significa que
“espírito” é essencial à vida e, em consequência, essencial ao amor. Por ser
“espírito”, Deus não pode ser apreendido sob qualquer hipótese ou recurso
físico. Quando a Bíblia atribui a Deus alguma forma humana (mãos, olhos, pés,
ouvido e outros) é, apenas, linguagem simbólica ou antropomórfica... para que o
ser humano, na sua limitação, pudesse entender.
Não se pode negar que,
por diversas vezes, Deus fala, anda e aparece a patriarcas (Abraão, Isaque,
Jacó, Moisés e outros). Sem dúvida, tais passagens bíblicas referem-se às
manifestações temporais de Deus, com finalidades específicas. Essas
manifestações do SER de DEUS em forma humana prefiguravam a autorrevelação de
Deus, com a encarnação de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Da mesma forma, para
que a finitude da mente humana pudesse entender, os autores bíblicos,
inspirados pelo próprio Deus, usam declarações representativas materializando
Deus, tais como: “O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que
espécie de casa vocês me edificarão? É este o meu lugar de descanso? Não foram
as minhas mãos que fizeram todas essas coisas, e por isso vieram a existir?”,
pergunta o Senhor. (...). (Isaías 66:1-2 NVI). Salomão, quando da dedicação do
templo em Jerusalém, assim se expressou: “... Os céus, mesmo os mais altos
céus, não podem conter-te...” (I Reis 8:27 NVI). Jesus, o Deus tabernaculado em
forma humana (Filipenses 2), fecha a questão ao afirmar: “Deus é espírito, e é
necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:24
NVI).
DEUS: Ele é Pessoa
Quando se fala sobre
“pessoa”, fala-se da relação humana entre as pessoas humanas e, também, da
relação da criatura humana com o criador Deus. Só se é pessoa humana porque,
primeiro o é em relação a Deus. Deus é pessoa e personalizante. Falar de pessoa
é falar da inter-relação entre criatura e criador.
Há que se entender,
filosoficamente, que o termo “pessoa” quando aplicado a Deus e a sua criatura
humana é analógico, ou seja, “pessoa” faz referência, ao mesmo tempo, a
semelhança e diferença entre ambos. Por quê? Há a semelhança porque o homem foi
feito à “imagem e semelhança” do criador. Há, também, uma abismal diferença.
Ele é espírito (João 4:24) pessoal (intangível) e, como tal, é transcendente.
Por isso, é impossível ter-se uma representação do SER de Deus. Apesar disso,
Ele entra em contato com sua criatura com (Salmo 103:3-14).
O próprio Deus inspirou
pessoas (os autores bíblicos) a descreverem-no como um ser pessoal. Ele criou o
ser humano à sua imagem e semelhança (Gênesis 1:27) porque queria que sua
criatura principal entrasse em contato pessoal com Ele. Deus se alegra, se
entristece, ama, tem ciúmes... e entra em contato com sua criatura. Deus
colocou no ser humano capacidade moral e racional (as outras criaturas não
têm). E essas capacidades são reflexos
da razão e moralidade de Deus. Por isso, também, é possível conhecê-Lo até onde
Ele o permite. Por isso, é impossível compreendê-Lo na sua totalidade.
Exatamente porque Ele é infinitamente maior e mais complexo que sua criatura.
Quando, humanamente
falando, diz-se que Deus é pessoa, está se dizendo que Ele tem personalidade.
Entretanto, Ele é uma pessoa “espírito”; invisível, intangível. Foi Ele que
criou os céus e a terra, bem como todas as coisas visíveis e invisíveis
(Gênesis 1; Salmo 24:1-2; Salmo 90:2; Atos 17:24-28; Romanos 1:20-21; Colossenses
1:15-17). No salmo 90 encontramos que Deus não foi criado, nem teve princípio
(vs. 2).
Na sua transcendência,
a pessoa de Deus entra em contato com as pessoas as quais ele criou. Por isso,
a Bíblia o traz como um Deus pessoal. Todavia, na sua transcendência a sua
pessoalidade, obrigatoriamente, se traduz no poder de sua autoconsciência e
autodeterminação. Não há intenção, neste artigo, de tratar da autoconsciência e
autodeterminação do SER de DEUS.
OS ATRIBUTOS ABSOLUTOS
OU INCOMUNICÁVEIS.
Tal nomenclatura é limitada
e humana. É apenas para fins didáticos e teológicos... porque Deus é
infinitamente maior que qualquer definição. A questão é simples: inexiste
atributo divino que seja totalmente transmissível e ou atributo que seja
totalmente incomunicável. Há divergências profundas entre os estudiosos no
assunto. Aqui vai a maneira de encarar o assunto deste articulista e estudioso
da Bíblia. Sobre os “comunicáveis”, leia em artigos próximos.
Este autor prefere a
assertiva que diz que os atributos “incomunicáveis” são aqueles que Deus
partilha bem menos que os “comunicáveis”. Por exemplo, um dos “atributos
incomunicáveis” de Deus é a eternalidade (Deus é eterno). Isto é a mais
absoluta verdade. Ele não teve princípio e não terá fim. Ele não está sujeito a
limitação do tempo como o ser humano está. Aliás, a Bíblia no Novo Testamento,
usa a palavra Khronós (tempo para o
homem) e Kairós (tempo para Deus). Khronós é o tempo mensurado, medido,
limitado. Kairós é o tempo sem limite
ou mensuração. É a eternidade. Portanto, o homem está sujeito a limitação do
tempo. Todavia, de alguma forma, o homem reflete algo dessa eternalidade ao
aceitá-lo como Senhor e Salvador, indo morar com Ele na eternidade. Da mesma
forma, os que o rejeitarem terão sua eternalidade longe dEle, em atroz
sofrimento. O mesmo poderia dizer da imutabilidade.
Isso posto, seguindo a
linha geral de raciocino dos grandes mestres da teologia, foca-se naquilo que é
denominado de “atributos incomunicáveis” de Deus. Não há qualquer pretensão de
esgotar o assunto... até porque isso seria totalmente impossível.
- AUTO-EXISTÊNCIA OU INDEPENDÊNCIA DE DEUS
Definitivamente, Deus
não precisa de nada e nem de qualquer pessoa. Ele é independente,
auto-existente e autossuficiente. A declaração bíblica de que Deus é o criador
de tudo implica, necessariamente, que Ele não é criado. E a diferença peculiar
é gritante e crucial. O que foi criado depende e pertence ao criador. O criado
tem a marca do criador. O criador é supremo e dono da criação. Por isso, a
criatura jamais pode ser adorada, exaltada ou glorificada. Pense: é possível a
qualquer coisa criar-se a si mesma? Talvez, o que se segue, faça total confusão
na mente de muitos; todavia, é nisso que creio. A Bíblia começa assim: “No princípio
Deus criou...”. Criou o quê? “os céus e a terra”. Talvez uma versão melhor
seja: “Quando Deus começou a criar os céus e a terra, sendo a terra sem forma e
vazia...” (Gn. 1:1-2ª). Ele não deu qualquer explicação, nem fez sua
autobiografia para comprovar sua capacidade e poder. Simplesmente afirmou seu
poder de criar. Poderia ser dito assim: Eu criei os céus e a terra... acredite
se quiser.
Em termos racionais e
ou filosóficos é possível alguma coisa criar a si mesma? Absolutamente não. Na
essência filosófica do termo, o conceito de autocriação é contraditório por si
só. Nada pode ser autocriado. Todavia, Deus é e está acima de qualquer conceito
filosófico humano. Não fique chocado...
antes, reflita com este servo do Altíssimo. Deus é Deus... creio nisso de forma
absoluta. O adoro e o sirvo com tudo que sou e tenho. Mas, não há como não
refletir sobre alguns conceitos. Deus não pode fazer-se a si mesmo. Se Ele
pudesse criar a Si mesmo, Ele seria e não seria ao mesmo tempo. Todo efeito
precisa, necessariamente, de uma causa. Todavia, Deus não tem efeito. Ora, Ele
não tem começo (é eterno) e, portanto, não tem causa antecedente. Ele foi o que
Ele é... desde sempre. Ele não depende de qualquer teologia, filosofia ou causa
para existir. Ele não depende de qualquer fonte para existir ou continuar a
existir. Auto-existência é isso. Isso é
uma questão de fé... mas, também, de observação das atividades poderosas de
Deus, no universo criado e nas criaturas feitas à Sua imagem e semelhança.
Os humanos somos
criaturas e, portanto, limitados. Tudo que o ser humano possui como referência
é dependente e criado. Por isso, não há como compreender, inteiramente, pela
razão filosófica, alguma coisa que seja auto-existente. Mas, Deus é. Por
definição, uma criatura jamais será auto-existente. Deus não é auto-criado...
mas, é auto-existente! Acredite... se quiser. E, exatamente nisso, repousa a
diferença essencial entre Deus e Sua criação. Sua auto-existência é aquilo que
o torna a fonte original de toda a criação do universo: terra, água, fogo,
animais, árvores, vegetais, humanos, astros, estrelas e tudo mais.
Por mais paradoxal que
possa parecer o conceito de auto-existência é válida, racionalmente. Pode
parecer irracional... mas, não o é. Filosófica e racionalmente, se alguma coisa
é; essa alguma coisa deve ter, necessariamente, dentro de si, o poder de ser.
Só quando alguma coisa exista em si mesma, ela pode existir. Porque todas as
coisas que são e existem, são dependentes de algo ou alguém maior e com poder
soberano sobre tudo. Todos os seres vivos (arvores, animais, humanos, vegetais,
etc.) podem se reproduzir; ou seja, possuem vida em si mesmos. Todavia, ninguém
é eterno ou auto-existente. Há uma dependência natural de um ser superior e
soberano que a tudo criou. Este é Deus o auto-existente.
Talvez alguém pergunte:
Existe a possibilidade de haver algo antes do nada, como é o caso de Deus? A
resposta necessária é: Deus existe eternamente em Si mesmo; por isso, é a
eterna fonte criadora de tudo e de todos. Só Ele tem, e ninguém mais, o poder
de ser. Paulo captou isso, pela fé racional, como ninguém ao afirmar: “Pois
nele vivemos, nos movemos e existimos, como disseram alguns poetas de vocês:
também somos descendência dele” (Atos 17:28 NVI). No mesmo capítulo de Atos
(vs. 24-25) Paulo afirma: “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há é o Senhor
dos céus e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele
não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele
mesmo dá a todos a vida, o fôlego, e as demais coisas (NVI)”. A partir de Jó 38, Deus questiona seu servo e
dá amarração final à sua soberania. No capítulo 41:11 diz: “Quem primeiro me
deu alguma coisa, que eu lhe deva pagar? Tudo o que há debaixo dos céus me
pertence” (NVI).
Pode parecer absurdo à
mente humana limitada... mas, Deus existe em virtude de sua natureza. Ele nunca
foi criado e, também, nunca chegou a existir. Simplesmente... Ele sempre foi.
Sem delongar, cito alguns textos para exemplificar: Êxodo 3:14; Salmo 90:2;
João 1:3; Romanos 11:35-36; I Coríntios 8:6; Apocalipse 4:11. No conjunto,
esses textos afirmam que: a) todas as coisas foram criadas pela vontade dEle;
b) Ele existia antes de qualquer criação; c) a existência e caráter de Deus é
auto determinada e independente de qualquer pessoa ou coisa (Eu sou o que sou).
Isso significa que, sem a sua criação, Deus seria e é sempre Deus com todos
seus atributos.
Necessariamente, Deus é
qualitativamente diferente da sua criação. Qualquer imperfeição que se possa
notar na criatura criada ou natureza criada é fruto do pecado. Deus não peca
jamais. Por isso, qualquer limitação na criação ou criaturas, distorce o
conceito de eternidade e auto-existência de Deus. Tudo irá desaparecer um dia.
Deus sempre existiu e existirá eternamente.
- A IMUTABILIDADE DE DEUS
Imutabilidade é a
qualidade daquilo que é imutável, ou seja, é a qualidade, estado ou condição
daquilo que não se pode mudar jamais. Assim é Deus em um de seus atributos
incomunicáveis ao ser humano. A natureza de Deus, sua perfeição, seus
propósitos, suas promessas, seus atributos e vontade são imutáveis, ou seja,
jamais mudam. Por que ele mudaria? Toda mudança, necessariamente, tem que ser
para melhor, ou para pior. Mas, como algo ou alguém que é perfeição em grau
absoluto poderia mudar? Impossível. Inexiste causa interior, exterior ou no
próprio ser de Deus para que haja mudança. A Bíblia faz algumas afirmações
definitivas sobre isso: Salmo 102: 27 + Malaquias 3:6 + Tiago 1:17. Entretanto, biblicamente, movido pelo seu
amor, Deus age e sente emoções de forma diferenciada em resposta a situações
diferenciadas. O Salmo 102:25-27 é emblemático: “No princípio firmaste os
fundamentos da terra, e os céus são obras de tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás;
envelhecerão como vestimentas. Como roupas tu os trocarás e serão jogados fora.
Mas tu permaneces o mesmo, e os teus dias jamais terão fim” (NVI). O texto é
claro em dizer que o universo mudará. Que Deus fará as mudanças necessárias e
segundo o seu querer e vontade... mas, Ele continuará sempre o mesmo. O Salmo
33:11 e Isaías 46:9-11 confirmam a imutabilidade de Deus.
Todavia, um estudante
da Bíblia perguntaria: Há passagens que parecem atribuir algum tipo de mudança
em Deus. Isso é verdade, todavia, precisam ser explicadas à luz da própria
Bíblia, ou seja:
a)
Como método próprio de Deus para
ilustrar seu amor e compaixão com suas criaturas.
Não se pode confundir
imutabilidade com mesmice. Imutabilidade é a impossibilidade de qualquer desvio
daquilo que está proposto e manifesto. E aquilo que Deus propôs sempre é
infinitamente melhor. Ao mesmo tempo que é imutável, Deus é, ao mesmo tempo,
infinitamente flexível, pois é, também, AMOR. Sua decisão final sempre será a
mesma, todavia, durante a caminhada da sua criatura, por amor, o Deus imutável
oferece alternativas e condições para que sua criatura mude para melhor e alcance
a salvação. Isso acontecendo, Deus na sua imutabilidade atinge o que propôs: a
salvação do ser humano. Isso não acontecendo, também Deus, na sua imutabilidade
atinge o que prometeu: a condenação da sua criatura.
b)
Como linguagem antropomórfica dos
atributos incomunicáveis, face às circunstâncias e variações morais das suas
criaturas.
Um dos textos mais
citados para defender a mutabilidade de Deus é Gênesis 6:6 (e correlatos): “Então
o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e isso cortou-lhe o
coração” (NVI). Uma das regras básicas de hermenêutica é interpretar a Bíblia
com a própria Bíblia. Outra regra é interpretar textos obscuros à luz de textos
mais claros e de ensino geral das Escrituras. Em Números 23:19 lê-se: “Deus não
é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele
fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (NVI). O mesmo pode ser observado em I Samuel 15:11 e
29. Parece paradoxal. Os “arrependimentos” são linguagens antropomórficas que o
próprio texto deslinda. Ora, se a santidade de Deus é imutável (e é), essa
santidade exige que o ímpio e o justo sejam tratados de forma diferenciada. Da
mesma forma, se uma pessoa justa “virar a cabeça” e se tornar um ímpio; a
atitude da santidade de Deus mudará, também, em relação a essa pessoa. Não é
Deus que muda, pois a sua santidade não tolera a impiedade. A mudança está na
criatura, jamais no criador. Na sua imutabilidade santa, Deus age santamente de
acordo com a mudança operada na vida interior de cada pessoa. Portanto, a linguagem da “mudança de Deus” na
Bíblia é, meramente, antropomórfica.
Experimente andar a
favor e contra o vento. Aparentemente é o vento que muda. Todavia, sem dúvida,
é o andante que muda. O vento continuará soprando na mesma direção. O ser
humano tem uma escolha: andar a favor ou contra a graça salvadora de Deus em
Cristo Jesus. Deus é o mesmo e agirá de acordo com o andar de cada um. Isso
fica claro em Filipenses 2:12-13: “.... ponham em ação a salvação de vocês com
temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o
realizar, de acordo com a boa vontade dele” (NVI). Aparentemente Deus muda...
mas, na verdade é o ser humano que muda. Deus jamais, pois é imutável.
c)
Como descrição da mobilidade divina
no tempo e nos seus propósitos.
Deus, desde sempre,
teve seus propósitos imutáveis. Na consecução desses propósitos há mobilidade,
flexibilidade; que não pode ser confundida com imutabilidade. Se Ele não
tivesse mobilidade de mente, sua vontade soberana seria negada. A Bíblia
informa que o plano de salvação do ser humano estava na mente de Deus desde a
criação do mundo (Apocalipse 13:8). Deus formou para si um povo, de onde viria
o Salvador. Na sua imutável sabedoria, Deus sabia que o ser humano precisaria
passar por um processo laborativo e difícil até que entendesse a graça e
misericórdia divinas. Portanto, ao abolir as leis mosaicas e todo seu
ritualismo, não estava havendo mudança no plano de Deus. Aliás, era a execução
perfeita do seu plano. A encarnação de Cristo e sua obra salvífica não
aconteceram para corrigir as falhas legais do Velho Testamento. Tudo estava na
mente e coração de Deus, desde sempre. Isso só mostra um planejamento perfeito
de uma mente perfeita, com propósitos perfeitos e execução perfeita.
Claramente Paulo afirma
que Jesus veio na “plenitude dos tempos” (Gálatas 4:4) em cumprimento taxativo
dos desígnios de Deus (Atos 2:22-23). Por isso, diante do plano eterno de Deus
para o homem, sua imutabilidade exigiu mobilidade ao longo da história para
seus planos fossem fielmente cumpridos. O homem muda, Deus não. Deus se move
imutavelmente por amor ao ser que criou. Veja a história do profeta Jonas e seu
ministério junto aos ninivitas. Ilustra exatamente a mobilidade de Deus em
favor do ser humano que se arrepende e, com isso, sua imutabilidade é
asseverada. A Deus toda honra e glória.
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No próximo artigo
outros atributos “incomunicáveis” de Deus serão estudados. Leia e divulgue. Que
Deus te abençoe poderosamente. Amém.