terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

CARNAVAL 2020! O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA!


Neste artigo vou ser mais intimista. Vou usar o pronome na primeira pessoa. Normalmente não falo ou escrevo sobre aquilo que não sei, não vi ou não conheço. Nunca fui chegado a carnaval. Mas leio sobre ele. Li que ele é o “maior espetáculo da terra”. Neste fim de mês (fevereiro de 2020), acontecerá mais um carnaval. Não vou fazer “retiro espiritual” que, com raras exceções, nada tem de “espiritual”. Vou ficar em casa, quem sabe visitar amigos. Confesso que, em algum ano no passado distante, fiquei algum tempo frente a uma televisão assistindo o desfile de algumas poucas escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo. Vi, também, um pouco dos trios elétricos em Salvador e, também, de Recife. Nada mais. 

Espero que nenhum “cristão” me condene por isso. Como disse, preciso ver e conhecer para escrever. Mas... já estou acostumado às críticas. Mario Sergio Cortella em seu livro: “Qual é a tua obra?” diz que possui um crítico de suas obras e eles se “odeiam” faz trinta anos. Por isso mesmo Cortella afirma: “- Eu o respeito, ele me faz crescer. Ele me melhora. Então, que venham as críticas. Elas me melhoram”.  Nada mais sei sobre essa pessoa... nem se está viva. Como numa pela de teatro, quero dividir este texto em alguns atos bem específicos. Peço que leia com muita atenção o quinto e o sexto ato (os últimos)! Eles são os mais importantes. 

Primeiro Ato. Quando vi o desfile, principalmente o do Rio de Janeiro, pela TV, fiquei fascinado, extasiado. Obra prima. Arte pura. Dedicação. Que espetáculo grandioso de arte criativa. Como pode sair da cabeça de um carnavalesco tanta criatividade? Como é que milhares de pessoas dedicam-se meses a fio a ensaios para que saia tão deslumbrante espetáculo? Amor... é a resposta!

Milhares de empregos durante todo o ano. Verdadeira indústria do entretenimento. Não há distinção de raça, credo, cor, ideologia. Movimento fenomenal de turismo. Hotéis, restaurantes, casas de aluguel... tudo lotado. Gente de quase todos os países. Verdadeiramente um espetáculo. Quanta dedicação, quanta garra! Não há cansaço, não há dor, não há limites. Tudo feito em nome do amor ao “maior espetáculo da terra”! Ah! Se isso também fosse real no cristianismo. 

Segundo Ato. Qual ou quais as origens do Carnaval, que é tido como “O Maior Espetáculo da Terra”? Ele é uma festa brasileira? Quando começou? Bem, pesquisei e não cheguei a uma conclusão definitiva. Os historiadores se divergem. Fato é que, independentemente do real princípio, o carnaval remonta a antiguidade longínqua. Vejamos algumas pesquisas. 

Lídia Carvalho, que mora em Americana/SP – ela é cristã evangélica – traz as seguintes informações (ipsis líteres): "Originários dos ‘Ritos da Fertilidade da Primavera Pagã’, o primeiro carnaval que se tem origem foi na Festa de Osíris no Egito, o evento que marca o recuo das águas do Nilo. Os Carnavais alcançaram o pico de distúrbio, desordem, excesso, orgia e desperdício, junto com a Bacchanalia Romana e a Saturnalia. A Enciclopédia Grolier exemplifica muito bem o que é, na verdade, o carnaval. Uma festa pagã que os católicos tentaram mascarar para parecer com uma festa cristã. Os romanos adoravam comemorar com orgias, bebedices e glutonaria. A Bacchalia era a festa em homenagem a Baco, deus do vinho e da orgia, na Grécia, havia um deus muitíssimo semelhante a Baco, seu nome era Dionísio, da Mitologia Grega. Dionísio era o deus do vinho e das orgias”. 

No Site “Brasil Escola” encontrei o seguinte: “Carnaval é uma festa que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a. C. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Passou a ser uma comemoração adotada pela Igreja Católica em 590 d. C. É um período de festas regidas pelo ano lunar no cristianismo da Idade Média. O período do carnaval era marcado pelo ‘adeus à carne’ ou do latim ‘carne vale’ dando origem ao termo ‘carnaval’. (...) Durante o período do carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes. O carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX. A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no carnaval parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas. (...) A primeira escola de samba foi criada no dia 12 de agosto de 1928, no Rio de Janeiro, e chamava-se “Deixa Falar”, anos depois seu nome foi modificado para Estácio de Sá. Com isso, nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo foram surgindo novas escolas de samba”.

O dicionário Wikipédia acrescenta a seguinte informação: “A festa carnavalesca surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra "carnaval" está, desse modo, relacionada com a ideia de deleite dos prazeres da carne marcado pela expressão ‘carnis valles’, que, acabou por formar a palavra ‘carnaval’, sendo que ‘carnis’, em latim, significa carne e ‘valles’ significa prazeres”.

No site TERRA, sob o título “Origens do Carnaval: conheça as raízes e os símbolos da festa” e no subtítulo “Desforra no carnaval para esperar a Páscoa”, extraí o seguinte texto, ipsis líteris: “Com a consolidação do cristianismo, a Igreja tentou combater inúmeras festas pagãs - o que não funcionou com o carnaval”. A retomada veio em 604, quando o Papa Gregório I estabeleceu, no calendário eclesiástico, a quaresma, período de jejum e recolhimento físico e espiritual durante os 40 dias que antecediam a Páscoa. Com isso, ficou estipulado que o carnaval seria comemorado nos três dias imediatamente antes do início da quaresma, como uma última chance de se aproveitar dos prazeres da carne. Mais tarde, no século 11, o Papa Urbano II decretou o tempo oficial do período do jejum: da quarta-feira de cinzas até o domingo de Páscoa. Assim, na chamada terça-feira gorda, era permitida a realização de grandes bailes e banquetes, e o clima de subversão e inversão de valores era uma marca forte da festa. "Tanto povo quanto elite absorvem esses três dias como forma de ludibriar o momento de privação", detalha a pesquisadora de Carnaval e Cultura Popular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e julgadora de alegorias e adereços dos desfiles do Grupo Especial do RJ, Helenise Monteiro Guimarães. Não sei se ela continua exercendo tal função no carnaval carioca. 

Não tenho interesse de pesquisar mais sobre as origens do carnaval. O que me interessa é algo mais profundo. A realidade inequívoca é que a festa existe, está aí e dificilmente vai mudar em alguma coisa. Minha preocupação é como os “filhos de Deus” da nova geração estão vendo o carnaval. Nenhum cristão em sã consciência pode ignorar o fato de que os evangélicos estão aderindo, e ou, tolerando perigosamente os efeitos do carnaval. 

Terceiro Ato. Argumentações evangélicas pró-aceitação do carnaval existem muitas. Que o digam os blocos de carnaval evangélicos. Alguns argumentam que o carnaval é uma legítima festa brasileira e cheia de alegria; portanto, não podemos desdenhar dela. Outros dizem aquilo que já coloquei lá no início: é uma festa linda e cheia de arte. Os mais “espirituais” entendem que é uma excelente ocasião para a evangelização. Você conhece o bloco “mocidade dependente de Deus?”, do Rio de Janeiro? Você conhece o bloco “As muquiranas? (neste, os homens saem vestidos de mulher)”. São blocos evangélicos ou sob a liderança – nominal - de evangélicos. O primeiro é de um pastor, o segundo de um casal de artistas que se diz evangélico. Vou citar mais alguns já conhecidos. Apenas citar. Cada qual tire suas conclusões. Para conhecê-los melhor existe o Google. Não vou perder meu precioso tempo discorrendo sobre tais blocos. Ei-los (apenas alguns): “Semente do Amanhã (Rio de Janeiro)”; “Marcha Celebrai a Cristo (São Miguel dos Campos/AL)”; “Cara de Leão (Itaboraí/RJ, igreja Projeto Vida Nova)”;” Celebração da Unidade – Espiritual 2013 (Trio elétrico que saiu no circuito Dodô, em Salvador/BA)”; “Bloco Sal da Terra (Salvador/BA, Igreja Batista Missionária Independente)”; “Bloco Gospel Bola de Neve”, cujos abadás recebem o pomposo nome de ‘vestes de louvor; “Sou Cheio de Amor” da Igreja Batista Atitude da Barra, RJ; “Bloco IDE”, de SP. Há muitos outros. Todos sabemos de grupos – como a JOCUM, por exemplo – e igrejas que fazem alguma atividade específica em meio à folia no afã de evangelização. Não quero julgar... todavia, ainda não vi, de forma real e palpável, os resultados disso para o Reino nesses anos todos. Alguns desses blocos já fazem isso no carnaval faz mais de 20 anos. 

O jornalista Tiago Chagas publicou, faz alguns anos, a seguinte notícia no site “Gnotícias Gospel” sobre a cantora “evangélica” baiana Claudinha leite ao repreender foliões que se envolveram numa confusão: “o carnaval é coisa de Deus”. (...) - “O que é isso? Tenham consciência! Carnaval é na paz! Não quero cordeiro do meu bloco fazendo esse tipo de coisa! Não venham fazer bagunça na casa de meu Pai! Carnaval é coisa de Deus! Isso é um absurdo! Quero atendimento médico aqui ao lado do trio para esse rapaz! Eu sei quem foi. Não vou esquecer o rosto de quem fez essa covardia. Vamos brincar na paz”. Bem que alguém já disse que “o que dá pra rir... dá pra chorar”. 

Quarto Ato. Qual o custo do carnaval? Custo moral, familiar, financeiro, espiritual... e você pode acrescentar outros. Levando em conta que, com a quase nova lei seca, houve redução verdadeira nos acidentes, alguns números ainda são estarrecedores. Os dados que passo são APENAS das estradas federais. Para ter os dados das estradas estaduais e municipais, teria que acessar cada Estado e cada cidade do Brasil. Então, imagine a realidade nua e crua. São dados oficiais de 2019 (último carnaval). Vale lembrar que, em 2018 e 2019, por causa da “lei seca” e uma maior efetividade da Polícia Rodoviária Federal, o número de mortes caiu em mais de 30% (trinta por cento). Eis os números:

1157 acidentes. 83 mortes. 1464 feridos. 1.959 autuações por embriaguez ao volante. 63.313 autos de infração.  8.542 flagrantes de ultrapassagens indevidas que, segundo a polícia, estão entre as principais causas de colisões frontais. Ainda em relação a flagrantes, houve 5.206 autuações por falta do uso de cinto de segurança. 1.040 pessoas pilotando motocicletas sem o uso de capacete, além de 846 crianças transportadas sem os cuidados necessários. 956 quilos (kg) de maconha e quase 152 kg de cocaína foram apreendidos. Segundo os dados, 23 armas de fogo, 699 munições e 121.650 maços de cigarro foram apreendidos, 82 veículos foram recuperados e 673 pessoas foram presas por diversos crimes. (https://veja.abril.com.br/brasil/mortes-em-estradas-federais-caem-19-no-carnaval-de-2019/)
Somadas todas as mortes durante o carnaval em todos os Estados, o número de mortos extrapolou em muito ao número de mortos da tragédia/crime da Boate Kiss, cidade de Santa Maria/RS e, também, da tragédia/crime de Mariana, em Minas Gerais, além de tantas outras.  Na Boate Kiss, em Mariana, em Brumadinho, na toca do Urubu (flamengo) e outros; estão tentando achar os culpados da forma mais absurda possível. Mas, a comoção foi nacional. A mídia jogou todos seus focos sobre essas tragédias (sic). Fora as mortes, no carnaval, há centenas de pessoas acidentadas, drogadas, estupradas, assaltos, assassinatos... tragédia total. Mas, vale tudo em nome da alegria. Não há comoção nacional. Afinal, no carnaval morre-se em nome da alegria. 

O carnaval de muito antanho era uma festa popular. Faz muito tempo que deixou de sê-lo. Virou negócio de ricos. Quem é que adentra os camarotes VIPs? Com certeza não é o povão. E as festas privadas quanto custam? Não é para o bolso popular. Um abadá pode chegar a R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Festa popular? Como? Quem pode pagar isso? Não é o povão. O camarote pode chegar a R1.500,00 (hum mil e quinhentos reais) por dia. Quem pode pagar isso? Definitivamente não é festa popular.  Na Bahia, nos circuitos, as ruas são fechadas pela polícia. Quem pode entrar? Quem estiver com abadá. Você já sabe os preços. Então... isso não é festa popular. Chamam os abadás de “passaporte da alegria”. Bem, então só os ricos podem ter alegria. Coitada da festa popular. 

Fora isso, até 2018, o poder público, entrava com o rico dinheirinho dos pobres – impostos que todos pagamos – para dar aos ricos. Será que isso também acontecerá no carnaval 2020?. A promessa é que não. Esperar para ver. Artistas e cantores recebem – e muito – para estarem, cantarem ou promoverem o carnaval. Milhões são gastos... ou eles não sobem ao palco, com honrosas exceções. Fora isso, as músicas – quase todas – não passam de bobagens. Letras chicletes que grudam no cérebro de um povo sem cultura e que, na verdade, não dizem nada. Aliás, dizem sim. Dizem chavões lascivos, sexuais e perniciosos que são introjetados no cotidiano mental das pessoas. É bem verdade que a maioria das letras “gospel” também não diz nada. Muitas são aberrações teológicas.  As boas músicas, no carnaval e nas igrejas, estão sendo deixadas de lado... e faz muito tempo. 

Quando uma parturiente chama uma ambulância por ter como chegar ao hospital... onde ela está? Quando ela aparece, normalmente, a criança já nasceu no meio da rua ou em um táxi. Quando a mãe desesperada liga por causa de um filho, marido, vizinho ou mendigo que está passando mal... onde está a ambulância? Quando aparece, normalmente, o sofrimento já foi demais; quando não, a morte já chegou. Mas, vi, pela televisão, ambulância à disposição em todos os lugares... durante toda a folia. É o dinheiro do povo sendo gasto insensatamente. 

Quanto os cofres públicos gastam com o atendimento aos feridos, aos mortos, aos bêbados, às curetagens em meninas? Quanto custa o atendimento aos estupros do carnaval? Quanto custam as indenizações por morte e invalidez?  Quanto é gasto anualmente com os tratamentos das DSTs transmitidas durante o carnaval; onde tudo é permitido em nome da alegria e da liberdade? Bem... a lista iria muito longe. 

Qualquer incidente no carnaval, imediatamente a polícia aparece com seus garbosos uniformes e cassetetes. Nada contra ela. Aliás, é dever dela proteger os cidadãos, evitar as brigas, os acidentes e incidentes.  Mas, onde está ela que não propicia segurança no dia a dia da população? Onde está ela quando os cidadãos são assaltados, maltratados, mortos, roubados, sequestrados no dia a dia?  Por que o policiamento não é ostensivo?  Bem, no carnaval é. Que país injusto é este. 

O Código Penal Brasileiro, através do Art. 233 do Código Penal - decreto-lei 2848/40 explicita, tipifica e dá as penas para ATO OBSCENO. Se o leitor se interessar, leia todo artigo do Código Penal e vai entender. O fato é que o Ato Obsceno é punível com detenção de três meses a um ano, ou multa. Consiste na prática de obscenidade em lugar público, ou aberto ou exposto ao público. Não quero me estender em definições. O leitor poderá fazê-lo. Todavia, o que se vê na maioria dos desfiles, nos bailes e correlatos carnavalescos são atos obscenos. Há exposição de seios, genitálias, nádegas e atos libidinosos em público; isso sem contar com os “mijões” públicos. E o que dizer dos prostitutos e prostitutas seminus por estes carnavais afora? Não estou criticando a estes. Estou criticando o descumprimento da lei em favor da libertinagem carnavalesca porque os “poderosos” ganham muito dinheiro com o carnaval. Vão dizer que a lei é retrógrada e antiquada. Então, que se mudem primeiramente as leis. Enquanto isso um pobre homem foi espancado e preso porque “incomodava” alguém com sua música em uma calçada. Quanta injustiça.

Quem lucra com o carnaval é o bicheiro, são as cervejarias, as indústrias de bebidas, os trios elétricos. Aliás, um deles, na Bahia, importou um sul coreano que canta uma tal de “éguinha pocotó” importada. Você sabe quanto isso custou? Talvez, por isso, muitos “evangélicos”, também, estejam aderindo. 

Sem medo de errar, no Brasil o carnaval está introjetado na vida social da maior parte da sociedade, sendo visto com leniência e cumplicidade. Mas, na verdade, ele tem a conotação de transgressão. A tônica é a alegria. O “passaporte” é a alegria. Disfarce satânico. Disfarçado de alegria, o carnaval promove a mais baixa promiscuidade sexual, crianças e adolescentes são levados à prostituição, a violência nas grandes e pequenas cidades se exacerba. As drogas lícitas e ilícitas correm soltas e são consumidas por todas as faixas etárias gerando violência, desconstrução de valores familiares e sociais. 

Quinto Ato. Realmente, creio eu, não vale a pena ao cristão verdadeiro, enredar-se pelo carnaval. Jesus disse: “Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, quão tremendas trevas são”! 

Quero, a guisa de rápido comentário pastoral fazer algumas considerações sobre o papel e valores a que deve ater-se o cristão que preza as coisas do Seu Senhor (Jesus) e os Seus ensinos inerrantes, eternos, únicos, imutáveis e que, ao longo da história, têm modificado vidas... sempre pra melhor. 

. Quais as obras da carne? “... imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti: Aqueles que praticam essas coisas não herdarão o reino de Deus”. Veja: imoralidade sexual, impureza, libertinagem, discórdia, dissensões, orgias e coisas semelhantes...! Isso tudo e muito mais não é próprio do carnaval? Melhor abster-se do que “não herdar o reino de Deus”. Não que o cometer essas coisas é o fator que leva ao inferno; mas, os que praticam tais coisas nunca pertenceram ao Senhor Jesus e, exatamente por isso, não herdarão o Reino. São evangélicos nominais apenas. Estude com carinho Mateus 7:21-23.

2º.  Jesus requer pureza do verdadeiro seguidor dEle. Só este item daria para escrever um livro. Por isso, apenas faço algumas considerações em I Coríntios 6:9-20 (leia, por favor, na sua Bíblia). Interessante que o apóstolo diz no verso 12 “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada me domine”. No verso 13 ele continua: “... O corpo, porém, não é para a imoralidade (veja o que isso significa, grifo meu), mas para o Senhor...”. E, depois de exortar a que se fuja da imoralidade sexual (verso 18) ele assevera: “Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, e que vocês não são de si mesmos?”(verso 19). 

Tudo depende do alimento que dou ao meu corpo e à minha mente. Gálatas 5:16-18 informa sobre a luta intensa entre o Espírito que habita no verdadeiro cristão e a carne (a velha natureza, o velho homem). Se eu alimento o Espírito, este estrangula os desejos carnais e os imobiliza. Se eu alimento a carne e seus desejos; além de entristecer o Espírito, este vai ficando sem poder agir porque Ele dá liberdade ao ser humano, respeitando seu livre-arbítrio (não me falem no texto de “perda da salvação”). O carnaval, em hipótese alguma, alimenta as coisas espirituais. 

3º. Ciclo perverso. Um leitor fez um comentário que concordo: “Em vários casos os pais levam os filhos aos bailes infantis, incentivando prematuramente as crianças, criando ciclo perverso”. Fora isso há milhares de absurdos como: “micção na rua, furtos, roubos, brigas, bebedeira, poluição sonora, promiscuidade, feridos, mortos. Que espetáculo”... completa outro amigo.

Isto posto, tenho certeza que não vale a pena a qualquer cristão, verdadeiramente salvo por Jesus Cristo, enredar-se pelo carnaval. A Bíblia nos incita a que nos afastemos da “aparência do mal”, inclusive. Não deixe que valores imorais e contrários aos ensinados pela Bíblia sejam semeados em seu coração e mente. 

Sexto Ato. O último. O “Maior Espetáculo da Terra”.  O verdadeiro. Absolutamente, o maior espetáculo da terra de todos os tempos é bem outro. Volto-me para um pequeno monte nas cercanias de Jerusalém. O Gólgota. Lá estavam três cruzes. Dimas de um lado, Gestas de outro (nomes, segundo alguns historiadores) e Jesus Cristo ao centro. Ele estava na cruz do meio, a maior. A haste da vertical unindo o Pai aos homens. O céu à terra. Na haste horizontal os braços estendidos de Jesus. Unindo a humanidade. Abençoando a todos. Ao dar o brado e expirar, Ele carregou o pecado de toda a humanidade, unindo o céu à terra. O Pai aos homens. Ao dar o brado e expirar, Ele estava, com Seus braços, abençoando e distribuindo a salvação a todos que se dispusessem a recebê-la.  Esse sim foi o MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA. O meu Senhor Jesus gotejando Seu sangue precioso por mim e por todos aqueles que querem usufruir da verdadeira alegria. A paz verdadeira, o amor verdadeiro, a felicidade verdadeira e eterna.

Gólgota! Cruz! Cristo! Perdão! Amor! Salvação! Este conjunto sim; foi, é e sempre será o MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA. Amém!

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

OS ATRIBUTOS DE DEUS (Série Doutrinas IV - Parte II)



Na parte I desta série viu-se que os atributos de Deus são constituídos de todas as características que são distintas e próprias da natureza divina. Atributos são qualidades ou poderes fundamentais do SER (Essência) DE DEUS que, racionalmente, são atribuidos a Ele. Nesta parte II, a tentativa é de estudar os ATRIBUTOS ABSOLUTOS ou INCOMUNICÁVEIS DE DEUS. Antes, porém, para fins didáticos apenas, ver-se-á ligeiramente que Deus é Espírito e Pessoa. 

DEUS: Ele é Espírito. 


Em João 4:24 o Senhor Jesus afirma que “Deus é Espírito”. O substantivo “Espírito” é descritivo da natureza de Deus. Isso implica, necessariamente, que Deus não é matéria. Espírito é imaterial, invisível, indestrutível. Deus independe de qualquer tipo de matéria. Por conseguinte, Deus não depende do universo material que criou. Será sempre Deus, independente de qualquer materialidade criada. Por isso, Deus e matéria não precisam de qualquer conexão para que Ele continue sendo quem é. Como afirmado na parte I (artigo anterior), o ponto convergente do Deus que é intangível (Espírito) com o Deus tangível (que tem matéria) só pode ser encontrado na autorrevelação, com a encarnação de Jesus Cristo, o Filho. Jesus disse em Lucas 24:39: “... um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho”. Deus, na sua transcendência, com seus atributos, veio até sua criatura (eu e você), oportunizando redenção, salvação... VIDA!

A Bíblia afirma que Deus é (Espírito, Luz, Amor, Vida, Verdade...). Ele não é um espírito, um amor, uma luz ou uma verdade. Sem espírito, não há vida. Isso significa que “espírito” é essencial à vida e, em consequência, essencial ao amor. Por ser “espírito”, Deus não pode ser apreendido sob qualquer hipótese ou recurso físico. Quando a Bíblia atribui a Deus alguma forma humana (mãos, olhos, pés, ouvido e outros) é, apenas, linguagem simbólica ou antropomórfica... para que o ser humano, na sua limitação, pudesse entender. 

Não se pode negar que, por diversas vezes, Deus fala, anda e aparece a patriarcas (Abraão, Isaque, Jacó, Moisés e outros). Sem dúvida, tais passagens bíblicas referem-se às manifestações temporais de Deus, com finalidades específicas. Essas manifestações do SER de DEUS em forma humana prefiguravam a autorrevelação de Deus, com a encarnação de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Da mesma forma, para que a finitude da mente humana pudesse entender, os autores bíblicos, inspirados pelo próprio Deus, usam declarações representativas materializando Deus, tais como: “O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que espécie de casa vocês me edificarão? É este o meu lugar de descanso? Não foram as minhas mãos que fizeram todas essas coisas, e por isso vieram a existir?”, pergunta o Senhor. (...). (Isaías 66:1-2 NVI). Salomão, quando da dedicação do templo em Jerusalém, assim se expressou: “... Os céus, mesmo os mais altos céus, não podem conter-te...” (I Reis 8:27 NVI). Jesus, o Deus tabernaculado em forma humana (Filipenses 2), fecha a questão ao afirmar: “Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:24 NVI). 

DEUS: Ele é Pessoa

Quando se fala sobre “pessoa”, fala-se da relação humana entre as pessoas humanas e, também, da relação da criatura humana com o criador Deus. Só se é pessoa humana porque, primeiro o é em relação a Deus. Deus é pessoa e personalizante. Falar de pessoa é falar da inter-relação entre criatura e criador. 

Há que se entender, filosoficamente, que o termo “pessoa” quando aplicado a Deus e a sua criatura humana é analógico, ou seja, “pessoa” faz referência, ao mesmo tempo, a semelhança e diferença entre ambos. Por quê? Há a semelhança porque o homem foi feito à “imagem e semelhança” do criador. Há, também, uma abismal diferença. Ele é espírito (João 4:24) pessoal (intangível) e, como tal, é transcendente. Por isso, é impossível ter-se uma representação do SER de Deus. Apesar disso, Ele entra em contato com sua criatura com (Salmo 103:3-14).
 
O próprio Deus inspirou pessoas (os autores bíblicos) a descreverem-no como um ser pessoal. Ele criou o ser humano à sua imagem e semelhança (Gênesis 1:27) porque queria que sua criatura principal entrasse em contato pessoal com Ele. Deus se alegra, se entristece, ama, tem ciúmes... e entra em contato com sua criatura. Deus colocou no ser humano capacidade moral e racional (as outras criaturas não têm).  E essas capacidades são reflexos da razão e moralidade de Deus. Por isso, também, é possível conhecê-Lo até onde Ele o permite. Por isso, é impossível compreendê-Lo na sua totalidade. Exatamente porque Ele é infinitamente maior e mais complexo que sua criatura.

Quando, humanamente falando, diz-se que Deus é pessoa, está se dizendo que Ele tem personalidade. Entretanto, Ele é uma pessoa “espírito”; invisível, intangível. Foi Ele que criou os céus e a terra, bem como todas as coisas visíveis e invisíveis (Gênesis 1; Salmo 24:1-2; Salmo 90:2; Atos 17:24-28; Romanos 1:20-21; Colossenses 1:15-17). No salmo 90 encontramos que Deus não foi criado, nem teve princípio (vs. 2). 

Na sua transcendência, a pessoa de Deus entra em contato com as pessoas as quais ele criou. Por isso, a Bíblia o traz como um Deus pessoal. Todavia, na sua transcendência a sua pessoalidade, obrigatoriamente, se traduz no poder de sua autoconsciência e autodeterminação. Não há intenção, neste artigo, de tratar da autoconsciência e autodeterminação do SER de DEUS. 

OS ATRIBUTOS ABSOLUTOS OU INCOMUNICÁVEIS. 

Tal nomenclatura é limitada e humana. É apenas para fins didáticos e teológicos... porque Deus é infinitamente maior que qualquer definição. A questão é simples: inexiste atributo divino que seja totalmente transmissível e ou atributo que seja totalmente incomunicável. Há divergências profundas entre os estudiosos no assunto. Aqui vai a maneira de encarar o assunto deste articulista e estudioso da Bíblia. Sobre os “comunicáveis”, leia em artigos próximos.

Este autor prefere a assertiva que diz que os atributos “incomunicáveis” são aqueles que Deus partilha bem menos que os “comunicáveis”. Por exemplo, um dos “atributos incomunicáveis” de Deus é a eternalidade (Deus é eterno). Isto é a mais absoluta verdade. Ele não teve princípio e não terá fim. Ele não está sujeito a limitação do tempo como o ser humano está. Aliás, a Bíblia no Novo Testamento, usa a palavra Khronós (tempo para o homem) e Kairós (tempo para Deus). Khronós é o tempo mensurado, medido, limitado. Kairós é o tempo sem limite ou mensuração. É a eternidade. Portanto, o homem está sujeito a limitação do tempo. Todavia, de alguma forma, o homem reflete algo dessa eternalidade ao aceitá-lo como Senhor e Salvador, indo morar com Ele na eternidade. Da mesma forma, os que o rejeitarem terão sua eternalidade longe dEle, em atroz sofrimento. O mesmo poderia dizer da imutabilidade.

Isso posto, seguindo a linha geral de raciocino dos grandes mestres da teologia, foca-se naquilo que é denominado de “atributos incomunicáveis” de Deus. Não há qualquer pretensão de esgotar o assunto... até porque isso seria totalmente impossível. 

  1. AUTO-EXISTÊNCIA OU INDEPENDÊNCIA DE DEUS
Definitivamente, Deus não precisa de nada e nem de qualquer pessoa. Ele é independente, auto-existente e autossuficiente. A declaração bíblica de que Deus é o criador de tudo implica, necessariamente, que Ele não é criado. E a diferença peculiar é gritante e crucial. O que foi criado depende e pertence ao criador. O criado tem a marca do criador. O criador é supremo e dono da criação. Por isso, a criatura jamais pode ser adorada, exaltada ou glorificada. Pense: é possível a qualquer coisa criar-se a si mesma? Talvez, o que se segue, faça total confusão na mente de muitos; todavia, é nisso que creio. A Bíblia começa assim: “No princípio Deus criou...”. Criou o quê? “os céus e a terra”. Talvez uma versão melhor seja: “Quando Deus começou a criar os céus e a terra, sendo a terra sem forma e vazia...” (Gn. 1:1-2ª). Ele não deu qualquer explicação, nem fez sua autobiografia para comprovar sua capacidade e poder. Simplesmente afirmou seu poder de criar. Poderia ser dito assim: Eu criei os céus e a terra... acredite se quiser. 

Em termos racionais e ou filosóficos é possível alguma coisa criar a si mesma? Absolutamente não. Na essência filosófica do termo, o conceito de autocriação é contraditório por si só. Nada pode ser autocriado. Todavia, Deus é e está acima de qualquer conceito filosófico humano.  Não fique chocado... antes, reflita com este servo do Altíssimo. Deus é Deus... creio nisso de forma absoluta. O adoro e o sirvo com tudo que sou e tenho. Mas, não há como não refletir sobre alguns conceitos. Deus não pode fazer-se a si mesmo. Se Ele pudesse criar a Si mesmo, Ele seria e não seria ao mesmo tempo. Todo efeito precisa, necessariamente, de uma causa. Todavia, Deus não tem efeito. Ora, Ele não tem começo (é eterno) e, portanto, não tem causa antecedente. Ele foi o que Ele é... desde sempre. Ele não depende de qualquer teologia, filosofia ou causa para existir. Ele não depende de qualquer fonte para existir ou continuar a existir.  Auto-existência é isso. Isso é uma questão de fé... mas, também, de observação das atividades poderosas de Deus, no universo criado e nas criaturas feitas à Sua imagem e semelhança. 

Os humanos somos criaturas e, portanto, limitados. Tudo que o ser humano possui como referência é dependente e criado. Por isso, não há como compreender, inteiramente, pela razão filosófica, alguma coisa que seja auto-existente. Mas, Deus é. Por definição, uma criatura jamais será auto-existente. Deus não é auto-criado... mas, é auto-existente! Acredite... se quiser. E, exatamente nisso, repousa a diferença essencial entre Deus e Sua criação. Sua auto-existência é aquilo que o torna a fonte original de toda a criação do universo: terra, água, fogo, animais, árvores, vegetais, humanos, astros, estrelas e tudo mais. 

Por mais paradoxal que possa parecer o conceito de auto-existência é válida, racionalmente. Pode parecer irracional... mas, não o é. Filosófica e racionalmente, se alguma coisa é; essa alguma coisa deve ter, necessariamente, dentro de si, o poder de ser. Só quando alguma coisa exista em si mesma, ela pode existir. Porque todas as coisas que são e existem, são dependentes de algo ou alguém maior e com poder soberano sobre tudo. Todos os seres vivos (arvores, animais, humanos, vegetais, etc.) podem se reproduzir; ou seja, possuem vida em si mesmos. Todavia, ninguém é eterno ou auto-existente. Há uma dependência natural de um ser superior e soberano que a tudo criou. Este é Deus o auto-existente. 

Talvez alguém pergunte: Existe a possibilidade de haver algo antes do nada, como é o caso de Deus? A resposta necessária é: Deus existe eternamente em Si mesmo; por isso, é a eterna fonte criadora de tudo e de todos. Só Ele tem, e ninguém mais, o poder de ser. Paulo captou isso, pela fé racional, como ninguém ao afirmar: “Pois nele vivemos, nos movemos e existimos, como disseram alguns poetas de vocês: também somos descendência dele” (Atos 17:28 NVI). No mesmo capítulo de Atos (vs. 24-25) Paulo afirma: “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há é o Senhor dos céus e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego, e as demais coisas (NVI)”.  A partir de Jó 38, Deus questiona seu servo e dá amarração final à sua soberania. No capítulo 41:11 diz: “Quem primeiro me deu alguma coisa, que eu lhe deva pagar? Tudo o que há debaixo dos céus me pertence” (NVI).

Pode parecer absurdo à mente humana limitada... mas, Deus existe em virtude de sua natureza. Ele nunca foi criado e, também, nunca chegou a existir. Simplesmente... Ele sempre foi. Sem delongar, cito alguns textos para exemplificar: Êxodo 3:14; Salmo 90:2; João 1:3; Romanos 11:35-36; I Coríntios 8:6; Apocalipse 4:11. No conjunto, esses textos afirmam que: a) todas as coisas foram criadas pela vontade dEle; b) Ele existia antes de qualquer criação; c) a existência e caráter de Deus é auto determinada e independente de qualquer pessoa ou coisa (Eu sou o que sou). Isso significa que, sem a sua criação, Deus seria e é sempre Deus com todos seus atributos.
Necessariamente, Deus é qualitativamente diferente da sua criação. Qualquer imperfeição que se possa notar na criatura criada ou natureza criada é fruto do pecado. Deus não peca jamais. Por isso, qualquer limitação na criação ou criaturas, distorce o conceito de eternidade e auto-existência de Deus. Tudo irá desaparecer um dia. Deus sempre existiu e existirá eternamente. 

  1. A IMUTABILIDADE DE DEUS
Imutabilidade é a qualidade daquilo que é imutável, ou seja, é a qualidade, estado ou condição daquilo que não se pode mudar jamais. Assim é Deus em um de seus atributos incomunicáveis ao ser humano. A natureza de Deus, sua perfeição, seus propósitos, suas promessas, seus atributos e vontade são imutáveis, ou seja, jamais mudam. Por que ele mudaria? Toda mudança, necessariamente, tem que ser para melhor, ou para pior. Mas, como algo ou alguém que é perfeição em grau absoluto poderia mudar? Impossível. Inexiste causa interior, exterior ou no próprio ser de Deus para que haja mudança. A Bíblia faz algumas afirmações definitivas sobre isso: Salmo 102: 27 + Malaquias 3:6 + Tiago 1:17.  Entretanto, biblicamente, movido pelo seu amor, Deus age e sente emoções de forma diferenciada em resposta a situações diferenciadas. O Salmo 102:25-27 é emblemático: “No princípio firmaste os fundamentos da terra, e os céus são obras de tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; envelhecerão como vestimentas. Como roupas tu os trocarás e serão jogados fora. Mas tu permaneces o mesmo, e os teus dias jamais terão fim” (NVI). O texto é claro em dizer que o universo mudará. Que Deus fará as mudanças necessárias e segundo o seu querer e vontade... mas, Ele continuará sempre o mesmo. O Salmo 33:11 e Isaías 46:9-11 confirmam a imutabilidade de Deus. 

Todavia, um estudante da Bíblia perguntaria: Há passagens que parecem atribuir algum tipo de mudança em Deus. Isso é verdade, todavia, precisam ser explicadas à luz da própria Bíblia, ou seja:

a)      Como método próprio de Deus para ilustrar seu amor e compaixão com suas criaturas.

Não se pode confundir imutabilidade com mesmice. Imutabilidade é a impossibilidade de qualquer desvio daquilo que está proposto e manifesto. E aquilo que Deus propôs sempre é infinitamente melhor. Ao mesmo tempo que é imutável, Deus é, ao mesmo tempo, infinitamente flexível, pois é, também, AMOR. Sua decisão final sempre será a mesma, todavia, durante a caminhada da sua criatura, por amor, o Deus imutável oferece alternativas e condições para que sua criatura mude para melhor e alcance a salvação. Isso acontecendo, Deus na sua imutabilidade atinge o que propôs: a salvação do ser humano. Isso não acontecendo, também Deus, na sua imutabilidade atinge o que prometeu: a condenação da sua criatura. 

b)     Como linguagem antropomórfica dos atributos incomunicáveis, face às circunstâncias e variações morais das suas criaturas.

Um dos textos mais citados para defender a mutabilidade de Deus é Gênesis 6:6 (e correlatos): “Então o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e isso cortou-lhe o coração” (NVI). Uma das regras básicas de hermenêutica é interpretar a Bíblia com a própria Bíblia. Outra regra é interpretar textos obscuros à luz de textos mais claros e de ensino geral das Escrituras. Em Números 23:19 lê-se: “Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (NVI).  O mesmo pode ser observado em I Samuel 15:11 e 29. Parece paradoxal. Os “arrependimentos” são linguagens antropomórficas que o próprio texto deslinda. Ora, se a santidade de Deus é imutável (e é), essa santidade exige que o ímpio e o justo sejam tratados de forma diferenciada. Da mesma forma, se uma pessoa justa “virar a cabeça” e se tornar um ímpio; a atitude da santidade de Deus mudará, também, em relação a essa pessoa. Não é Deus que muda, pois a sua santidade não tolera a impiedade. A mudança está na criatura, jamais no criador. Na sua imutabilidade santa, Deus age santamente de acordo com a mudança operada na vida interior de cada pessoa.  Portanto, a linguagem da “mudança de Deus” na Bíblia é, meramente, antropomórfica. 

Experimente andar a favor e contra o vento. Aparentemente é o vento que muda. Todavia, sem dúvida, é o andante que muda. O vento continuará soprando na mesma direção. O ser humano tem uma escolha: andar a favor ou contra a graça salvadora de Deus em Cristo Jesus. Deus é o mesmo e agirá de acordo com o andar de cada um. Isso fica claro em Filipenses 2:12-13: “.... ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele” (NVI). Aparentemente Deus muda... mas, na verdade é o ser humano que muda. Deus jamais, pois é imutável. 

c)      Como descrição da mobilidade divina no tempo e nos seus propósitos.

Deus, desde sempre, teve seus propósitos imutáveis. Na consecução desses propósitos há mobilidade, flexibilidade; que não pode ser confundida com imutabilidade. Se Ele não tivesse mobilidade de mente, sua vontade soberana seria negada. A Bíblia informa que o plano de salvação do ser humano estava na mente de Deus desde a criação do mundo (Apocalipse 13:8). Deus formou para si um povo, de onde viria o Salvador. Na sua imutável sabedoria, Deus sabia que o ser humano precisaria passar por um processo laborativo e difícil até que entendesse a graça e misericórdia divinas. Portanto, ao abolir as leis mosaicas e todo seu ritualismo, não estava havendo mudança no plano de Deus. Aliás, era a execução perfeita do seu plano. A encarnação de Cristo e sua obra salvífica não aconteceram para corrigir as falhas legais do Velho Testamento. Tudo estava na mente e coração de Deus, desde sempre. Isso só mostra um planejamento perfeito de uma mente perfeita, com propósitos perfeitos e execução perfeita. 

Claramente Paulo afirma que Jesus veio na “plenitude dos tempos” (Gálatas 4:4) em cumprimento taxativo dos desígnios de Deus (Atos 2:22-23). Por isso, diante do plano eterno de Deus para o homem, sua imutabilidade exigiu mobilidade ao longo da história para seus planos fossem fielmente cumpridos. O homem muda, Deus não. Deus se move imutavelmente por amor ao ser que criou. Veja a história do profeta Jonas e seu ministério junto aos ninivitas. Ilustra exatamente a mobilidade de Deus em favor do ser humano que se arrepende e, com isso, sua imutabilidade é asseverada.  A Deus toda honra e glória.
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No próximo artigo outros atributos “incomunicáveis” de Deus serão estudados. Leia e divulgue. Que Deus te abençoe poderosamente. Amém.

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